Carpinejando

Há algum tempo vinha adiando a leitura de Borralheiro, até porque minha lista de leitura nunca zera. E, quando comecei a ler, demorei um pouco, mas, como comida boa, temos que degustar, e isso leva tempo. Mas enfim, chegou a vez das crônicas de Carpinejar.

Através de histórias que muitas vezes começam ou terminam com situações do cotidiano, Borralheiro retrata nossos relacionamentos, manias, fins de semana e festas em família. Sogros, potes de requeijão, Fla-Flus e festas de solteiros pintam nossa vida e seus pequenos detalhes, fazendo-as uma caricatura divertida, e que ao mesmo tempo nos faz refletir sobre cada aspecto seu.

Como o próprio título afirma, o livro é uma “viagem pela casa”: quando o lemos, sentimos que somos transportados para algum lugar familiar ou uma época já vivida. Isso nos torna ainda mais conectados com a leitura. Algumas histórias são apenas narrativas de um fato acontecido, outras surgem de uma coisa simples, como um brigadeiro, e transforma-se num discussão sobre o deslumbramento inicial e o início dos relacionamentos.

Objetos comuns que vistos pelo todo são apenas objetos, mas que dentro de casa são tema de estudos aprofundados, ganham importância nas crônicas. Frascos de perfume, bilhetes de adolescência e sapatos engraxados são o foco de atores principais que todos temos (ou somos): tios, primos, melhores amigos, chefes, sogros, namorados (as). Aqui não importa o lençol dobrado guardado no armário, e sim o lençol sendo puxado pelo marido à noite, ou deixado desarrumado em cima da cama todas as manhãs.

Carpinejar traduz o que sentimos durante cada momento do dia, seja ele uma quarta, um domingo ou uma segunda-feira: o que vivemos, e o que deixamos de viver, as boas, novas ou tristes experiências. Porque “quem não acorda ranzinza na segunda-feira não foi feliz no final de semana”.

Borralheiro foi publicado pela Bertrand Brasil.

XOXO,

Brunna.